No Dia Mundial da Doença de Parkinson, que se assinala a 11 de abril, é essencial aumentar a consciencialização sobre esta condição neurológica progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, estima-se que cerca de 20 mil pessoas vivam com a doença de Parkinson, um número que tende a aumentar com o envelhecimento da população.
Neste artigo, vamos abordar de forma detalhada os sintomas da doença de Parkinson, os tratamentos disponíveis e, sobretudo, como apoiar um familiar que vive com esta condição, oferecendo estratégias práticas e emocionais para melhorar a sua qualidade de vida.
O que é a Doença de Parkinson?
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crónica e progressiva que afeta o sistema nervoso central. Foi descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico britânico James Parkinson, e caracteriza-se principalmente pela perda progressiva de células nervosas na substância negra do cérebro, responsáveis pela produção de dopamina — um neurotransmissor essencial para o controlo dos movimentos.
Com a diminuição da dopamina, surgem dificuldades motoras e, com o tempo, outros sintomas cognitivos e comportamentais. Embora mais comum em pessoas com mais de 60 anos, a doença também pode afetar adultos mais jovens — é o chamado Parkinson de início precoce.

Sintomas da Doença de Parkinson
Os sintomas da doença de Parkinson variam de pessoa para pessoa, mas geralmente evoluem lentamente ao longo do tempo. Os sinais podem ser divididos entre sintomas motores e sintomas não motores.
Sintomas Motores
1. Tremor em repouso – Um dos sintomas mais comuns e reconhecíveis. Costuma começar numa mão ou braço.
2. Rigidez muscular – Sensação de músculos “presos” ou tensos, dificultando os movimentos.
3. Bradicinésia – Lentidão nos movimentos, afetando tarefas simples do dia-a-dia como caminhar, abotoar uma camisa ou comer.
4. Instabilidade postural – Perda de equilíbrio e maior propensão a quedas.
5. Alterações na marcha – Caminhar com passos curtos, arrastados ou sem movimentar os braços.
Sintomas Não Motores
1. Problemas de sono – Insónia, sonolência diurna ou distúrbios comportamentais do sono REM.
2. Depressão e ansiedade – Bastante comuns e muitas vezes subdiagnosticadas.
3. Problemas cognitivos – Dificuldade de concentração, perda de memória e, em fases mais avançadas, demência.
4. Distúrbios gastrointestinais – Obstipação é frequente.
5. Fadiga – Sensação de cansaço extremo sem razão aparente.
6. Diminuição do olfato – Pode surgir anos antes dos sintomas motores.
É importante salientar que nem todos os doentes apresentam todos os sintomas, e a progressão da doença é muito variável.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença de Parkinson é clínico, baseado na observação dos sintomas e histórico médico. Não existe, até hoje, um exame específico para confirmar o diagnóstico com 100% de certeza.
Normalmente, é feito por um neurologista, que poderá recorrer a exames complementares (como ressonância magnética) para excluir outras condições que possam causar sintomas semelhantes. Em alguns casos, um teste de resposta à levodopa — principal medicamento usado no tratamento — também pode ajudar no diagnóstico.

Tratamentos Disponíveis
Embora ainda não exista cura para a doença de Parkinson, existem vários tratamentos que ajudam a controlar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida.
Tratamento Medicamentoso
O tratamento mais comum envolve medicamentos que aumentam ou substituem a dopamina no cérebro. Os mais usados são:
- Levodopa (com carbidopa ou benserazida) – Aumenta os níveis de dopamina no cérebro e melhora significativamente os sintomas motores.
- Agonistas dopaminérgicos – Imita a dopamina, mas com menos risco de flutuações motoras (ex: pramipexol, ropinirol).
- Inibidores da MAO-B – Prolongam o efeito da dopamina natural (ex: selegilina, rasagilina).
- Inibidores da COMT – Usados em combinação com a levodopa para prolongar a sua ação.
- Anticolinérgicos e amantadina – Em casos específicos, para tremores ou discinesias.
Cirurgia: Estimulação Cerebral Profunda (DBS)
Nos casos em que os medicamentos deixam de ser eficazes ou causam efeitos adversos, pode ser considerada a estimulação cerebral profunda. Este procedimento cirúrgico envolve a implantação de elétrodos no cérebro que enviam impulsos elétricos para regular os sinais motores.
Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia
Além da medicação, é fundamental apostar numa abordagem multidisciplinar:
- Fisioterapia ajuda a manter a mobilidade e equilíbrio.
- Terapia ocupacional ensina estratégias para realizar tarefas diárias.
- Fonoaudiologia melhora a fala e a deglutição.
Como Apoiar um Familiar com Parkinson
Viver com a doença de Parkinson não é fácil, tanto para o doente como para os seus familiares. O apoio da família é essencial para a gestão da doença e para garantir uma melhor qualidade de vida. Aqui ficam algumas estratégias para apoiar eficazmente um familiar com Parkinson.
1. Informe-se sobre a doença
Quanto mais souber sobre a doença, mais preparado estará para lidar com os seus desafios. Leia livros, participe em grupos de apoio ou consulte sites confiáveis como os da Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson (APDPk) ou Parkinson’s Europe.
2. Estimule a independência
É natural querer ajudar em tudo, mas é importante não tirar a autonomia do doente. Incentive-o a fazer as tarefas que ainda consegue realizar, mesmo que de forma mais lenta.
3. Adapte a casa
Pequenas alterações podem fazer uma grande diferença:
- Instale barras de apoio na casa de banho;
- Elimine tapetes soltos que possam causar quedas;
- Utilize luzes noturnas nos corredores;
- Opte por móveis com cantos arredondados.
4. Crie uma rotina
A rotina ajuda a combater a confusão e reduz a ansiedade. Tente manter horários regulares para refeições, medicação, descanso e atividade física.
5. Incentive a atividade física
O exercício regular é fundamental para manter a mobilidade e o humor. Caminhadas, yoga, pilates, dança ou exercícios adaptados podem trazer benefícios significativos.
6. Dê apoio emocional
A doença de Parkinson afeta não só o corpo, mas também o estado emocional. Mostre empatia, ouça com atenção e esteja presente. Se notar sinais de depressão, incentive a procura de ajuda profissional.
7. Esteja atento aos efeitos colaterais da medicação
Alguns medicamentos podem causar alucinações, comportamentos compulsivos ou alterações de humor. Mantenha contacto regular com o médico e relate qualquer mudança.
8. Cuide de si também
Ser cuidador é uma tarefa exigente. É essencial que cuide também da sua saúde física e mental. Procure apoio, descanse quando possível e não hesite em pedir ajuda a outros familiares ou profissionais.
Viver com Parkinson: Um Desafio Partilhado
A doença de Parkinson é, sem dúvida, um grande desafio — mas não é uma sentença de fim de vida. Com acompanhamento médico, apoio familiar e estratégias de adaptação, é possível viver com dignidade e qualidade.
No Dia Mundial da Doença de Parkinson, vamos quebrar o estigma, aumentar a empatia e dar voz aos doentes e seus cuidadores. Partilhar informação é o primeiro passo para um mundo mais compreensivo e preparado.
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