A educação financeira é uma ferramenta essencial para todas as idades, mas ganha particular relevância no contexto da terceira idade. À medida que os rendimentos se tornam mais fixos e as despesas, por vezes, aumentam devido a cuidados de saúde, é fundamental que os idosos saibam gerir os seus recursos com prudência. Este artigo oferece orientações práticas para uma vida financeira estável e segura na reforma, ajudando a evitar dívidas e a maximizar o valor das pensões.
1. A importância da literacia financeira na terceira idade
A literacia financeira é a capacidade de compreender conceitos básicos relacionados com dinheiro, como orçamento, poupança, investimento, crédito e dívida. Entre os idosos, a falta de literacia financeira pode levar a:
- Dificuldades em gerir os rendimentos da reforma;
- Vulnerabilidade a fraudes e esquemas financeiros;
- Dependência financeira de terceiros;
- Dívidas acumuladas por má gestão do crédito.
2. Avaliação do orçamento mensal: saber quanto se recebe e quanto se gasta
O primeiro passo para uma boa gestão financeira é fazer um levantamento completo dos rendimentos e despesas mensais. Para tal, deve-se:
- Registar todos os rendimentos: pensões, complementos, apoios sociais;
- Identificar despesas fixas (renda, água, luz, medicamentos);
- Avaliar gastos variáveis (alimentação, transporte, lazer);
- Apontar despesas sazonais (seguros, IMI, natal, férias).
Criar um orçamento simples, por escrito ou em formato digital, permite identificar onde podem ser feitas poupanças.
3. Redução de despesas e consumo consciente
Após elaborar o orçamento, é possível identificar áreas onde se pode reduzir despesas. Algumas estratégias incluem:
- Comparar preços antes de comprar medicamentos ou produtos de supermercado;
- Optar por marcas brancas ou genéricas;
- Utilizar cartões de fidelização e descontos para seniores;
- Reavaliar serviços de telecomunicações, seguros ou energia;
- Eliminar subscrições ou encargos não utilizados.

4. Evitar dívidas e uso responsável do crédito
O recurso ao crédito na terceira idade deve ser bem ponderado. Muitos idosos contraem créditos para ajudar filhos ou netos, o que pode comprometer o seu bem-estar financeiro. Para evitar dívidas:
- Usar crédito apenas em situações de extrema necessidade;
- Evitar cartões de crédito com juros elevados;
- Ler atentamente os contratos antes de assinar;
- Consultar familiares ou um técnico de apoio social se houver dúvidas;
- Priorizar o pagamento de dívidas mais antigas ou com juros mais altos.
5. Gestão segura das pensões e outros rendimentos
As pensões devem ser geridas com um plano mensal. Algumas boas práticas incluem:
- Depositar as pensões numa conta bancária segura;
- Evitar levantar grandes quantias em dinheiro de uma só vez;
- Dividir o montante por categorias de despesas (habitação, saúde, alimentação);
- Guardar uma parte para poupança, se possível.
Para idosos com dificuldade na gestão autónoma, pode ser útil nomear um representante legal ou aderir a um serviço de apoio financeiro.
6. Proteção contra fraudes financeiras
Os idosos são frequentemente alvo de fraudes, incluindo:
- Chamadas telefónicas falsas;
- Emails com esquemas de phishing;
- Vendas ao domicílio de produtos ou serviços desnecessários;
- “Empréstimos rápidos” com juros abusivos.
Medidas de proteção:
- Nunca divulgar dados bancários por telefone ou email;
- Desconfiar de ofertas “demasiado boas para ser verdade”;
- Falar com um familiar antes de tomar decisões financeiras importantes;
- Denunciar tentativas de fraude à polícia ou à linha de apoio ao consumidor.

7. A importância da poupança na reforma
Mesmo com rendimentos limitados, é possível desenvolver hábitos de poupança:
- Criar um fundo de emergência (mesmo que pequeno);
- Usar cofrinhos ou contas-poupança sem custos associados;
- Reservar valores simbólicos mensalmente para objetivos futuros (ex. férias, prendas);
- Aproveitar benefícios fiscais e deduções em sede de IRS.
8. Recursos de apoio e formação financeira para seniores
Em Portugal, existem diversas entidades que disponibilizam apoio e informação gratuita:
- DECO – Defesa do Consumidor: sessões de literacia financeira e apoio em situações de endividamento;
- Segurança Social e Centros de Saúde: apoio social e encaminhamento;
- Autarquias e Juntas de Freguesia: projetos locais de educação financeira;
- Bancos e cooperativas de crédito: programas específicos para seniores.
Participar nestas iniciativas pode reforçar a autonomia e reduzir o risco de exclusão financeira.
9. Envolver a família na gestão financeira
Em muitos casos, envolver um filho ou cuidador de confiança na organização das finanças pode ser benéfico. Algumas sugestões:
- Partilhar informações sobre contas e despesas;
- Definir limites claros para pedidos de ajuda financeira a familiares;
- Delegar a gestão bancária, se necessário, através de procuração;
- Manter o idoso sempre informado sobre o seu património.
Uma vida financeira equilibrada é sinónimo de tranquilidade, dignidade e maior qualidade de vida para os seniores. Promover a educação financeira é uma responsabilidade social, familiar e institucional. Com mais informação, ferramentas práticas e apoio adequado, os idosos podem continuar a tomar decisões financeiras conscientes, protegendo o seu bem-estar e a sua independência.
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