Alterações Relacionadas à Idade que Aumentam o Risco de Queda

Alterações Relacionadas à Idade que Aumentam o Risco de Queda

As quedas constituem uma das principais causas de lesão, hospitalização e mortalidade em pessoas idosas. Com o envelhecimento, ocorrem alterações fisiológicas, cognitivas e funcionais que, muitas vezes de forma insidiosa, contribuem para um aumento significativo do risco de quedas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 30% das pessoas com mais de 65 anos sofrem pelo menos uma queda por ano, sendo que essa proporção aumenta com a idade.

Neste artigo, abordaremos em detalhe as principais alterações relacionadas com o envelhecimento que contribuem para o risco acrescido de queda, explorando factores fisiológicos, neurológicos, sensoriais e psicossociais. Também serão discutidas estratégias de prevenção e intervenção que visam minimizar estes riscos e promover a segurança e qualidade de vida da população idosa.

1. Alterações Musculoesqueléticas
a) Sarcopenia
A sarcopenia é uma condição caracterizada pela perda progressiva de massa e força muscular, associada ao envelhecimento. Esta perda inicia-se por volta dos 30 anos, mas acelera significativamente após os 60. A diminuição da força muscular afeta o equilíbrio, a marcha e a capacidade de realizar actividades básicas do quotidiano, como levantar-se de uma cadeira ou subir escadas.

b) Osteoartrite e Osteoporose
As articulações tornam-se mais rígidas com a idade, muitas vezes devido a doenças degenerativas como a osteoartrite, que limita a mobilidade e causa dor crónica. A osteoporose, por outro lado, reduz a densidade óssea, tornando os ossos mais frágeis e susceptíveis a fraturas em caso de queda.

c) Redução da flexibilidade e mobilidade
O envelhecimento também provoca uma diminuição da elasticidade dos tecidos, o que contribui para uma menor amplitude de movimento. Isso limita a capacidade de reagir rapidamente a perdas de equilíbrio.

Alterações Relacionadas à Idade que Aumentam o Risco de Queda

2. Alterações no Sistema Nervoso
a) Diminuição da velocidade de condução nervosa
Com a idade, os nervos tornam-se menos eficientes na transmissão de sinais eléctricos. Essa lentidão pode atrasar a resposta a estímulos externos, como um piso escorregadio ou um obstáculo inesperado.

b) Comprometimento do controlo motor
A coordenação motora tende a deteriorar-se com a idade, o que afecta directamente a estabilidade postural e a precisão dos movimentos. Os idosos podem ter maior dificuldade em ajustar o corpo para prevenir uma queda.

c) Doenças neurológicas
Condições como a Doença de Parkinson, os acidentes vasculares cerebrais (AVC) e a demência estão fortemente associadas a desequilíbrio, fraqueza muscular e alterações na marcha, aumentando consideravelmente o risco de quedas.

3. Alterações Sensoriais
a) Visão
Problemas de visão, como cataratas, degenerescência macular relacionada com a idade e glaucoma, são comuns em idosos. A visão é essencial para a percepção do ambiente, identificação de obstáculos e avaliação da profundidade e distância. A sua perda aumenta a probabilidade de tropeçar ou errar o passo.

b) Audição
A perda auditiva relacionada com a idade (presbiacusia) pode contribuir indirectamente para quedas, uma vez que a audição tem um papel importante na orientação espacial e perceção de alertas do ambiente envolvente.

c) Sistema vestibular
O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, é fundamental para o equilíbrio. Com o envelhecimento, ocorre um declínio natural da sua função, o que reduz a capacidade de manter o equilíbrio, especialmente em ambientes escuros ou com superfícies irregulares.

4. Alterações Cognitivas e Psicológicas
a) Déficits de atenção e função executiva
O declínio cognitivo pode afectar a capacidade de dividir a atenção entre tarefas, por exemplo, caminhar e falar ao mesmo tempo. A execução multitarefa torna-se mais difícil, aumentando o risco de perda de equilíbrio.

b) Demência
Pessoas com demência têm um risco significativamente mais elevado de quedas, devido a défices na percepção, orientação espacial, julgamento e planeamento motor. Muitas vezes não reconhecem perigos ou esquecem-se de utilizar dispositivos auxiliares.

c) Medo de cair
O medo de cair, mesmo em indivíduos sem histórico de quedas, pode levar à evitação de atividades físicas, o que promove um ciclo de descondicionamento físico e maior risco de quedas futuras.

5. Alterações Cardiovasculares
a) Hipotensão ortostática
A diminuição da pressão arterial ao passar da posição deitada ou sentada para a posição de pé pode causar tonturas, desequilíbrio e quedas. Esta condição é relativamente comum em idosos, sobretudo quando tomam medicamentos antihipertensores ou diuréticos.

b) Arritmias
Batimentos cardíacos irregulares podem causar episódios de fraqueza, síncope (desmaio) ou sensação de instabilidade, contribuindo para quedas inesperadas.

As quedas constituem uma das principais causas de lesão, hospitalização e mortalidade em pessoas idosas.

6. Efeitos dos Medicamentos
O uso de múltiplos medicamentos (polimedicação), muito comum entre idosos, é um fator de risco importante. Medicamentos psicotrópicos (ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos), anti-hipertensores, diuréticos e hipnóticos podem causar sonolência, confusão, tonturas e hipotensão, aumentando significativamente o risco de quedas.

7. Fatores Ambientais e Comportamentais
Embora não sejam alterações biológicas, os comportamentos e o ambiente em que o idoso vive interagem com os factores relacionados com o envelhecimento para aumentar o risco de queda:

  • Tapetes soltos, má iluminação, escadas sem corrimão ou pavimentos escorregadios;
  • Calçado inadequado ou uso de chinelos;
  • Falta de barras de apoio em casas de banho;
  • Subestimação do risco pessoal de queda.

Estratégias de Prevenção
a) Avaliação multifatorial
Uma avaliação completa do risco de quedas deve incluir exame físico, análise dos medicamentos, avaliação cognitiva e inspeção do domicílio. A personalização da intervenção é essencial.

b) Exercício físico regular
Programas de treino de equilíbrio, força muscular e flexibilidade demonstraram ser eficazes na redução do risco de queda. Tai chi, fisioterapia geriátrica e programas de treino de resistência são exemplos eficazes.

c) Revisão da medicação
Ajustar ou substituir medicamentos de alto risco pode reduzir os efeitos adversos associados a tonturas e sonolência.

d) Adaptações no domicílio
A instalação de iluminação adequada, barras de apoio, pisos antiderrapantes e eliminação de obstáculos reduz de forma significativa a incidência de quedas.

e) Educação e sensibilização
Ensinar os idosos e os seus cuidadores sobre o risco de quedas, estratégias preventivas e a importância da atividade física é um pilar importante na prevenção.

O envelhecimento é inevitavelmente acompanhado por uma série de alterações que, de forma isolada ou combinada, aumentam a probabilidade de quedas. No entanto, as quedas não devem ser consideradas uma parte normal do envelhecimento. Através de uma abordagem proativa e multidisciplinar, é possível identificar os riscos, atuar preventivamente e melhorar a qualidade de vida dos idosos. A promoção de um envelhecimento saudável e seguro deve ser uma prioridade para os sistemas de saúde, famílias e sociedade em geral.

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