Acidentes Domésticos nos Idosos: Causas, Consequências e Como Prevenir

Acidentes Domésticos nos Idosos: Causas, Consequências e Como Prevenir

Os acidentes domésticos representam uma das principais causas de lesões e perda de autonomia entre a população idosa. À medida que envelhecemos, alterações físicas, sensoriais e cognitivas tornam-nos mais vulneráveis a quedas, queimaduras, intoxicações e outros incidentes que ocorrem dentro de casa — um espaço que deveria ser sinónimo de segurança. Em Portugal, tal como na maioria dos países europeus, a maioria dos idosos vive no seu próprio domicílio, o que reforça a importância de compreender e prevenir os riscos.

Este artigo apresenta uma visão abrangente dos acidentes domésticos mais comuns entre os idosos, as suas consequências e as estratégias eficazes de prevenção.

1. Por que os idosos estão mais sujeitos a acidentes domésticos?
O envelhecimento traz mudanças naturais que, isoladamente ou em combinação, aumentam a probabilidade de acidentes.

1.1. Alterações físicas

  • Diminuição da força muscular
  • Menor equilíbrio e coordenação
  • Mobilidade reduzida
  • Osteoporose, aumentando o risco de fraturas

1.2. Alterações sensoriais

  • Diminuição da visão (cataratas, degenerescência macular)
  • Redução da acuidade auditiva
  • Perda de sensibilidade tátil

1.3. Alterações cognitivas

  • Dificuldade de concentração
  • Desorientação
  • Doenças como demência ou Alzheimer

1.4. Polimedicação
O uso simultâneo de vários medicamentos pode causar sonolência, tonturas, hipotensão e confusão, contribuindo para quedas e outros acidentes.

Acidentes Domésticos nos Idosos: Causas, Consequências e Como Prevenir

2. Acidentes domésticos mais comuns nos idosos
2.1. Quedas
As quedas são, de longe, o acidente doméstico mais frequente e perigoso entre os idosos. Podem ocorrer em diversos locais:

  • Casa de banho: pisos escorregadios, ausência de barras de apoio
  • Escadas: má iluminação, corrimões inadequados
  • Sala e quartos: tapetes soltos, cabos no chão, móveis desorganizados
  • Cozinha: subida a bancos para alcançar prateleiras altas

As consequências de uma queda podem ser graves: fraturas da anca, traumatismos cranianos, perda de autonomia ou até incapacidade permanente.

2.2. Queimaduras
As queimaduras podem resultar de:

  • Contacto com fogões, fornos ou bicos de gás
  • Manuseamento de líquidos muito quentes
  • Aproximação excessiva a lareiras ou aquecedores
  • Mantas elétricas mal usadas

Idosos com diminuição da sensibilidade têm maior risco de não perceber a gravidade da queimadura.

2.3. Intoxicações
Podem ocorrer por:

  • Ingestão incorreta de medicamentos
  • Fugas de gás
  • Produtos de limpeza mal identificados
  • Inalação de monóxido de carbono devido a má ventilação

2.4. Cortes e ferimentos
Acontecem com frequência na cozinha, por dificuldades na manipulação de facas ou objetos afiados, ou no jardim, durante pequenas tarefas domésticas.

2.5. Incêndios domésticos
Muitas vezes provocados por:

  • Velas esquecidas
  • Equipamentos elétricos antigos
  • Sobreaquecimento de aquecedores
  • Cigarrilhas acesas
  • Lareiras sem proteção

2.6. Afogamento por imobilização
Embora menos falado, um idoso pode sofrer afogamento na banheira se perder os sentidos ou sofrer uma queda, especialmente se tiver problemas cardíacos ou de equilíbrio.

3. Consequências dos acidentes domésticos nos idosos
As consequências podem ser físicas, emocionais e sociais.

3.1. Consequências físicas

  • Fraturas (principalmente da anca e do punho)
  • Hematomas extensos
  • Imobilidade prolongada
  • Internamentos hospitalares e cirurgias

3.2. Consequências emocionais

  • Medo de voltar a cair
  • Ansiedade
  • Depressão
  • Sentimento de perda de independência

3.3. Consequências sociais

  • Redução da vida social
  • Dependência de terceiros
  • Necessidade de institucionalização
  • Custos associados a cuidados continuados

Um único acidente pode alterar drasticamente a vida de um idoso e da sua rede familiar.

4. Como prevenir acidentes domésticos nos idosos
A prevenção é a estratégia mais eficaz — e muitas vezes basta fazer pequenos ajustes em casa.

4.1. Prevenção de quedas

  • Instalar barras de apoio na casa de banho
  • Usar tapetes antiderrapantes
  • Remover objetos do chão (cabos, tapetes soltos, caixas)
  • Usar calçado confortável e antiderrapante
  • Melhorar a iluminação, especialmente em corredores e escadas
  • Instalar corrimões firmes em ambos os lados das escadas
  • Evitar subir a cadeiras ou bancos — usar escadotes estáveis ou pedir ajuda

4.2. Prevenção de queimaduras

  • Ajustar a temperatura da água quente
  • Garantir distâncias de segurança ao usar lareiras e aquecedores
  • Supervisão quando cozinham, se existir défice de memória
  • Manter cabos de panelas virados para dentro
  • Usar luvas térmicas para manusear objetos quentes

4.3. Prevenção de intoxicações

  • Organizar medicamentos por caixas diárias ou semanais
  • Manter produtos de limpeza bem identificados
  • Instalar detectores de gás e monóxido de carbono
  • Verificar regularmente fogões a gás e esquentadores

4.4. Prevenção de incêndios

  • Manutenção anual das instalações elétricas
  • Evitar sobrecarregar tomadas
  • Usar aquecedores com desligamento automático
  • Colocar proteções nas lareiras
  • Não deixar velas acesas sem vigilância
  • Guardar fósforos e isqueiros longe do alcance

4.5. Adaptações gerais na casa

  • Mover objetos para prateleiras acessíveis
  • Substituir mobiliário instável
  • Colocar telemóveis ou campainhas de emergência ao alcance
  • Instalar sensores de movimento para iluminação noturna
  • Manter rotinas claras e evitar mudanças bruscas na disposição da casa

5. O papel dos familiares e cuidadores

  • Os familiares e cuidadores têm um papel central na prevenção. Devem:
  • Estar atentos a mudanças no equilíbrio ou comportamento
  • Incentivar avaliações médicas regulares
  • Verificar o estado dos medicamentos
  • Ajudar na adaptação do ambiente doméstico
  • Promover exercício físico leve para manter força e mobilidade
  • Fomentar rotinas seguras e hábitos saudáveis

Uma abordagem colaborativa, com comunicação aberta e respeito pela autonomia do idoso, é essencial para o sucesso das medidas preventivas.

Os acidentes domésticos nos idosos são comuns, mas amplamente evitáveis. A maioria resulta de pequenos fatores de risco que, quando corrigidos, reduzem drasticamente a probabilidade de incidentes graves. Criar um ambiente seguro, adaptar a casa, promover hábitos saudáveis e garantir acompanhamento adequado podem significar, literalmente, a diferença entre manter a independência ou enfrentar uma perda significativa de qualidade de vida.

Cuidar da segurança doméstica é, acima de tudo, uma forma de preservar a dignidade, o bem-estar e a tranquilidade da pessoa idosa e da sua família.

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