O envelhecimento é um processo natural, inevitável e complexo que afeta todas as funções do organismo humano. Entre as várias alterações fisiológicas que ocorrem com a idade, uma das mais significativas é a perda progressiva de massa e força muscular, conhecida como sarcopenia. Apesar de ser comum nas pessoas mais velhas, a sarcopenia não deve ser encarada como uma consequência “normal” do envelhecimento, mas sim como uma condição prevenível e tratável.
Neste artigo, exploramos o que é a sarcopenia, as suas causas, sintomas, consequências e, sobretudo, as estratégias mais eficazes para a prevenir e combater.
O que é a sarcopenia?
O termo sarcopenia tem origem grega — sarx (carne) e penia (perda) — e foi usado pela primeira vez nos anos 80 para descrever a redução da massa muscular associada à idade. Atualmente, é reconhecida como uma doença muscular progressiva e generalizada, caracterizada pela diminuição da massa, força e desempenho físico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sarcopenia é considerada uma doença musculoesquelética (classificada na CID-10, sob o código M62.84), que aumenta significativamente o risco de quedas, fraturas, incapacidade funcional e até mortalidade.
Embora seja mais frequente em pessoas com mais de 60 anos, a sarcopenia pode também afetar adultos mais jovens, especialmente aqueles com estilos de vida sedentários, alimentação inadequada ou doenças crónicas.
Causas e fatores de risco
A sarcopenia resulta de uma combinação de fatores fisiológicos, metabólicos e comportamentais. Entre os principais, destacam-se:
- Envelhecimento natural: com o avançar da idade, há uma redução na produção de hormonas anabólicas, como a testosterona, o estrogénio e o hormónio do crescimento, que são essenciais para a manutenção da massa muscular.
- Sedentarismo: a falta de atividade física, especialmente de exercícios de resistência, leva à atrofia muscular e acelera a perda de massa magra.
- Alimentação inadequada: uma dieta pobre em proteínas e micronutrientes (como vitamina D, cálcio e magnésio) contribui para a degradação muscular.
- Doenças crónicas: condições como diabetes, insuficiência cardíaca, cancro e doenças inflamatórias crónicas estão associadas a um maior risco de sarcopenia.
- Imobilização prolongada: períodos de repouso forçado, hospitalização ou convalescença reduzem drasticamente a massa muscular em poucas semanas.
- Fatores genéticos e estilo de vida: o consumo de álcool, tabaco e o stress crónico também podem desempenhar um papel importante.

Sintomas e diagnóstico
A sarcopenia instala-se de forma lenta e muitas vezes passa despercebida nas fases iniciais. Contudo, alguns sinais podem servir de alerta:
- Diminuição visível da massa muscular;
- Sensação de fraqueza ou fadiga muscular;
- Dificuldade em realizar tarefas simples, como subir escadas, levantar objetos ou caminhar longas distâncias;
- Perda de equilíbrio e maior risco de quedas;
- Diminuição da velocidade de marcha.
O diagnóstico deve ser realizado por um profissional de saúde, geralmente através de uma combinação de métodos:
- Avaliação da força muscular, frequentemente medida pela força de preensão manual (dinamometria);
- Medição da massa muscular, através de exames como DEXA (absorciometria de raios-X de dupla energia) ou bioimpedância;
- Avaliação do desempenho físico, por exemplo, com o teste da velocidade de marcha ou o teste de levantar-se da cadeira.
Com base nestes parâmetros, é possível determinar o grau de sarcopenia — leve, moderado ou grave.
Consequências da sarcopenia
A sarcopenia não afeta apenas a força física: as suas repercussões estendem-se à qualidade de vida, independência e bem-estar global.
As principais consequências incluem:
- Maior risco de quedas e fraturas, devido à perda de equilíbrio e coordenação;
- Redução da mobilidade e autonomia, dificultando atividades básicas do dia-a-dia;
- Comprometimento do metabolismo, aumentando a resistência à insulina e o risco de diabetes tipo 2;
- Fragilidade e dependência funcional, com impacto direto nos custos de saúde pública e cuidados de longa duração;
- Maior risco de mortalidade, especialmente em idosos institucionalizados.
Por tudo isto, a sarcopenia é hoje considerada uma condição clínica de alta relevância, que deve ser prevenida o mais cedo possível.
Como prevenir a sarcopenia?
A boa notícia é que a sarcopenia pode ser prevenida — e até revertida — com medidas simples, mas consistentes. A chave está em combinar exercício físico, alimentação adequada e vigilância médica.
1. Praticar exercício físico regularmente
O exercício é, sem dúvida, o pilar central da prevenção e tratamento da sarcopenia.
- Os tipos de treino mais eficazes incluem:
- Treino de resistência (musculação): estimula o crescimento e a regeneração das fibras musculares, aumentando a força e a massa muscular. Mesmo em pessoas idosas, os benefícios são notáveis.
- Exercícios aeróbicos, como caminhar, nadar ou andar de bicicleta, melhoram a capacidade cardiovascular e ajudam a controlar o peso corporal.
- Treino de equilíbrio e flexibilidade, como o ioga ou o tai chi, reduzem o risco de quedas e melhoram a coordenação.
Idealmente, deve-se realizar 2 a 3 sessões semanais de treino de resistência, adaptadas à condição física individual e supervisionadas por um profissional qualificado.

2. Alimentação rica em proteínas e micronutrientes
A nutrição adequada é o segundo pilar da prevenção. As proteínas são essenciais para a síntese muscular, sendo recomendado um consumo de 1,0 a 1,2 g de proteína por quilo de peso corporal por dia (ou mais, em idosos com perda muscular acentuada).
Fontes de proteína de alta qualidade incluem carnes magras, peixe, ovos, lacticínios, leguminosas e frutos secos.
Além disso, nutrientes como vitamina D, cálcio, magnésio e ómega-3 desempenham papéis fundamentais na manutenção da função muscular e óssea.
Nos casos em que a ingestão alimentar é insuficiente, pode ser útil recorrer a suplementos proteicos ou multivitamínicos, sob orientação médica.
3. Manter um peso saudável
O excesso de gordura corporal, especialmente a gordura visceral, está associado à sarcopenia obesogénica, uma forma combinada de perda muscular e aumento de gordura.
Manter um peso equilibrado, através de uma dieta balanceada e atividade física regular, é essencial para proteger a massa muscular.
4. Sono e gestão do stress
O sono reparador e o controlo do stress são frequentemente esquecidos, mas fundamentais. Durante o sono, ocorre a libertação de hormonas anabólicas que promovem a regeneração muscular.
O stress crónico, por outro lado, estimula a produção de cortisol, uma hormona catabólica que acelera a degradação muscular.
5. Vigilância médica e rastreios regulares
Avaliações periódicas da composição corporal, força e mobilidade podem detetar precocemente sinais de sarcopenia. Profissionais de saúde — médicos, nutricionistas e fisiologistas do exercício — podem ajustar planos personalizados de intervenção.
A sarcopenia é um dos desafios silenciosos do envelhecimento moderno, mas não é inevitável. A perda de massa e força muscular pode ser significativamente atenuada — e até revertida — com hábitos de vida saudáveis.
Exercitar-se regularmente, alimentar-se de forma equilibrada, garantir um bom descanso e manter um acompanhamento médico são as estratégias mais eficazes para preservar a independência e a qualidade de vida ao longo dos anos.
Envelhecer com saúde não significa apenas viver mais tempo, mas viver melhor, com vigor, força e autonomia. E isso começa, sem dúvida, por cuidar dos músculos — o motor do nosso corpo e da nossa vitalidade.
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