As úlceras de pressão, também conhecidas como escaras, são lesões na pele e nos tecidos subjacentes que resultam da pressão contínua sobre uma zona do corpo. Afetam especialmente pessoas com mobilidade reduzida, como muitos idosos acamados ou que permanecem longos períodos sentados. Estas lesões podem ser dolorosas, difíceis de tratar e, em casos graves, conduzir a infeções severas. Neste artigo, exploramos as melhores técnicas e cuidados para prevenir as úlceras de pressão no domicílio e em instituições de cuidados.
1. O que são úlceras de pressão?
As úlceras de pressão desenvolvem-se quando a circulação sanguínea é comprometida devido à pressão constante sobre uma área do corpo, especialmente em locais com proeminências ósseas, como:
- Calcanhares
- Nádegas
- Cotovelos
- Ombros
- Zona lombar
- Parte de trás da cabeça
Os fatores de risco incluem:
- Imobilidade prolongada (acamados ou em cadeiras de rodas);
- Má nutrição ou hidratação;
- Incontinência urinária ou fecal;
- Doenças neurológicas que limitam a sensibilidade;
- Idade avançada e fragilidade da pele.
2. Estádios das úlceras de pressão
O diagnóstico precoce é fundamental para prevenir a progressão das lesões. As úlceras são classificadas em quatro estádios:
Estádio I: vermelhidão persistente da pele, sem lesão aberta.
Estádio II: perda parcial da epiderme e/ou derme (ferida superficial).
Estádio III: perda total da pele, com exposição da gordura subcutânea.
Estádio IV: destruição extensa com exposição de músculos, tendões ou ossos.
Quanto mais cedo for detetada e tratada, maior a probabilidade de cura e menor o risco de complicações.
3. Prevenção: a chave para evitar complicações
A melhor abordagem às úlceras de pressão é a prevenção. Algumas medidas fundamentais incluem:
a) Mudança de posição regular
É essencial reposicionar a pessoa com frequência:
- Acamados: mudar de posição a cada 2 horas;
- Em cadeira de rodas: incentivo a pequenos ajustes posturais de 15 em 15 minutos;
- Utilização de planos de rotação com horários definidos.
b) Utilização de colchões e almofadas anti-escaras
Estes dispositivos distribuem melhor a pressão corporal e reduzem o risco de formação de escaras:
- Colchões de pressão alternada ou de espuma viscoelástica;
- Almofadas específicas para cadeiras de rodas e cadeiras de descanso;
- Talas ou calcanheiras para proteger zonas de maior pressão.
c) Avaliação da pele diariamente
Observar sinais precoces, como:
- Vermelhidão persistente;
- Inchaço ou endurecimento;
- Mudança de cor ou temperatura;
- Queixas de dor localizada.
A inspeção deve ser feita preferencialmente durante a higiene diária, com boa iluminação.
d) Cuidados com a higiene e hidratação da pele
- Manter a pele limpa e seca;
- Utilizar produtos suaves e sem álcool;
- Aplicar cremes barreira em zonas propensas à fricção ou contacto com urina/fezes;
- Hidratar a pele com loções específicas para pele madura.
4. Nutrição adequada: um aliado na prevenção
A má nutrição e desidratação contribuem para a fragilidade da pele e dificultam a cicatrização:
- Dieta rica em proteínas, vitaminas (C, E, A) e minerais (zinco);
- Suplementos alimentares quando indicados por nutricionista ou médico;
- Ingestão diária de líquidos adequada (salvo contraindicação médica).
Nos idosos com dificuldades de mastigação ou deglutição, a textura dos alimentos deve ser adaptada.
5. Incontinência e risco de escaras
A incontinência urinária e fecal aumenta a humidade e irritação da pele, favorecendo a formação de úlceras:
- Mudança frequente de fraldas ou roupa interior;
- Higiene imediata após cada episódio de incontinência;
- Utilização de produtos específicos (cremes barreira, toalhetes sem álcool);
- Consulta com médico para gestão da incontinência (medicação, exercícios, dispositivos auxiliares).
6. Formação e envolvimento dos cuidadores
Seja no domicílio ou em instituições, a formação dos cuidadores é vital:
- Reconhecimento dos sinais de alerta;
- Técnicas corretas de mobilização e posicionamento;
- Utilização adequada de dispositivos de apoio;
- Registo de lesões, evolução e comunicação com equipa médica.
7. O papel dos profissionais de saúde
Nos casos de maior risco ou presença de lesões, a intervenção de profissionais é indispensável:
- Enfermeiros: avaliação da pele, curativos, ensino ao cuidador;
- Médicos: diagnóstico e prescrição de tratamentos;
- Nutricionistas: plano alimentar adequado;
- Fisioterapeutas: estimulação da mobilidade e prevenção de rigidez muscular.
A monitorização regular por profissionais ajuda a evitar complicações como infeções, necroses ou necessidade de hospitalização.
8. Tratamento de úlceras: quando a prevenção não foi suficiente
Quando as escaras já estão presentes, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível:
- Limpeza adequada da ferida com soluções antissépticas;
- Curativos com materiais avançados (espumas, hidrogéis, alginatos);
- Desbridamento (remoção de tecido morto), se necessário;
- Controlo da dor;
- Eventual antibiótico, se houver sinais de infeção.
O plano de tratamento deve ser individualizado e acompanhado por enfermeiro ou médico.
9. Tecnologia e inovação na prevenção
Nos últimos anos, têm surgido dispositivos inovadores:
- Almofadas com sensores de pressão;
- Aplicações móveis que alertam para mudança de posição;
- Sistemas inteligentes integrados em camas hospitalares;
- Têxteis com propriedades antibacterianas.
Estas soluções podem ser especialmente úteis em situações de risco elevado.
Prevenir úlceras de pressão é garantir dignidade, conforto e qualidade de vida ao sénior. Com cuidados simples mas consistentes, é possível evitar grande parte das complicações associadas a estas lesões. O papel dos cuidadores, familiares e profissionais de saúde é central na criação de um ambiente seguro e de cuidados personalizados.
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