De acordo com a Universidade de Coimbra, uma equipa de investigadores está a desenvolver um estudo para avaliar as consequências do isolamento social imposto pela Covid-19 no bem-estar físico e psicológico dos idosos.
Os investigadores do Centro de Investigação de Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra pretendem identificar possíveis alterações de carácter emocional e de foro psicológico, cognitivo e funcional, como referido por Sandra Freitas, coordenadora do grupo de especialistas.
Para avaliar o funcionamento cognitivo e psicológico das pessoas antes e após o confinamento social obrigatório, foram recrutados 250 adultos com mais de 50 anos e idosos de todo o país que já tinham participado em estudos anteriores, relacionados com alterações neuropsicológicas, patológicas ou não, resultantes do envelhecimento. Deste modo, «é possível uma avaliação mais rigorosa do impacto do isolamento social na saúde mental, dado que tínhamos dados prévios à pandemia», explica, citada pela UC, a coordenadora do estudo.
Para uma análise mais detalhada do impacto do isolamento social face à pandemia na saúde mental destes grupos etários da população portuguesa, os participantes foram sujeitos, através de videochamada, a avaliação (neuro)psicológica específica, de modo a examinar alterações na sintomatologia depressiva, de ansiedade e stress, da qualidade e satisfação de vida, da capacidade funcional, das queixas de memória e do estado cognitivo.
Foram também observadas possíveis relações com características sociodemográficas e perfis de risco, bem como a «literacia existente entre os participantes para temas relacionados com a COVID-19, isolamento social e saúde mental», refere a especialista.
Numa primeira fase de análise de resultados obtidos, Sandra Freitas adianta que «o período de confinamento obrigatório favoreceu significativamente o desenvolvimento de maiores níveis de sintomatologia depressiva e, consequentemente, pior qualidade de vida nos portugueses».
A investigadora refere que os resultados finais do estudo em desenvolvimento serão fundamentais “para compreender o modo como a saúde mental de cada franja sociodemográfica sai afetada com esta crise pandémica, tecer recomendações baseadas na realidade portuguesa, planear intervenções futuras para a prevenção da saúde mental em situações similares, entre muitos outros aspetos”.
No âmbito do projeto, foi também desenvolvida uma página web “ CuidaIdosaMente” com o objetivo de aumentar a literacia para a saúde mental e fornecer estratégias preventivas à população.
A Investigação financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através da primeira edição Research4Covid-19 conta com a colaboração de uma investigadora do Centro de Investigação GeoBioTec da Universidade de Aveiro
