O envelhecimento populacional é uma realidade que Portugal enfrenta de maneira cada vez mais intensa. Os resultados do estudo do 2º Retrato das Residências Sénior em Portugal, realizado pela Via Senior, fornecem uma visão abrangente e atualizada sobre a situação das estruturas residenciais para idosos (ERPI) no país. Este artigo visa apresentar uma análise detalhada dos dados e conclusões do estudo, bem como discutir as implicações e desafios futuros para o setor.
DUAS EM CADA TRÊS RESIDÊNCIAS SÉNIOR ESTÃO QUASE SEMPRE ESGOTADAS.
Contexto Demográfico
Portugal é atualmente um dos países mais envelhecidos da União Europeia (UE) e do mundo. De acordo com o estudo, a idade média da população portuguesa aumentou 4,4 anos nos últimos dez anos, o maior aumento entre os países da UE. Hoje, 24% da população tem 65 anos ou mais, o que representa mais de 2,5 milhões de pessoas.
Este cenário é resultado de vários fatores, incluindo a baixa taxa de natalidade, a emigração de jovens e o aumento da esperança média de vida. As projeções indicam que, se nada for feito, a população total de Portugal poderá reduzir-se para pouco mais de 8,6 milhões até 2060, com 30% dessa população tendo mais de 60 anos.
Oferta e Procura de Residências Sénior
O estudo revela que a oferta de residências sénior em Portugal é insuficiente para atender à crescente procura. Atualmente, existem cerca de 2.700 ERPI, com capacidade para acolher pouco mais de 100.000 idosos. No entanto, considerando os 2,5 milhões de idosos no país, a taxa de cobertura é de apenas 4%, subindo para 8,5% quando se considera a população com mais de 75 anos.
Além disso, praticamente dois terços (62,3%) das ERPI têm uma taxa de ocupação de 100%, enquanto 32,1% operam com ocupação entre 91% e 99%. Isto significa que há poucas vagas disponíveis para novos residentes, resultando em longas listas de espera em muitas instituições.
Impacto Económico e Qualidade dos Serviços
A pressão da procura também tem levado a um aumento significativo nos preços das residências sénior. Uma cama num quarto duplo custa, em média, entre 1.250 e 1.500 euros por mês. Este aumento é parcialmente atribuído à inflação, mas também reflete uma melhoria na qualidade dos serviços prestados. As residências têm investido mais em profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas, melhorando assim o cuidado oferecido aos idosos.
Contudo, este aumento de preços coloca uma pressão adicional nas famílias e nos próprios idosos, muitos dos quais têm rendimentos fixos ou limitados. Cerca de 30% das residências inquiridas no estudo não aumentaram os preços, mas um terço reportou aumentos entre 2,5% e 5%, alinhados com a taxa de inflação.
Desafios Futuros e Recomendações
Expansão da Capacidade
Uma das principais conclusões do estudo é a necessidade urgente de expandir a capacidade das ERPI em Portugal. O número atual de camas é insuficiente para atender à procura crescente, e é necessário um esforço concertado para aumentar a oferta. Isto pode envolver tanto o setor público quanto o privado, com investimentos em novas instalações e a expansão das existentes.
Melhoria na Qualidade de Vida dos Idosos
Embora o aumento da esperança de vida seja uma boa notícia, o mesmo não é necessariamente acompanhado por um envelhecimento saudável. É crucial que as políticas de saúde e sociais se concentrem na melhoria da qualidade de vida dos idosos. Isso inclui acesso a cuidados de saúde adequados, programas de reabilitação, atividades recreativas e suporte psicológico.
Políticas de Apoio à Natalidade
A baixa taxa de natalidade é um dos principais fatores que contribuem para o envelhecimento da população. Políticas eficazes de incentivo à natalidade, como subsídios familiares, apoio à parentalidade e condições de trabalho mais favoráveis, são essenciais para reverter esta tendência a longo prazo.
Sustentabilidade Financeira
A sustentabilidade financeira das ERPI é um desafio contínuo. Com o aumento dos custos operacionais e a necessidade de melhorar constantemente a qualidade dos serviços, é crucial encontrar um equilíbrio que permita às residências operar de maneira sustentável sem sobrecarregar financeiramente os residentes e suas famílias.
O 2º Retrato das Residências Sénior em Portugal oferece uma visão detalhada e preocupante sobre o estado atual e os desafios futuros das ERPI no país. Com uma população envelhecida em rápido crescimento e uma oferta insuficiente de residências sénior, é imperativo que se tomem medidas urgentes para expandir a capacidade, melhorar a qualidade de vida dos idosos e garantir a sustentabilidade financeira das instituições.
A colaboração entre o setor público e privado será fundamental para enfrentar estes desafios. Investimentos em infraestruturas, políticas de apoio à natalidade e melhorias nos serviços de saúde e sociais são passos essenciais para garantir que os idosos em Portugal possam viver com dignidade e qualidade de vida.
Com base nos dados e conclusões do estudo, é claro que a questão do envelhecimento populacional deve ser uma prioridade nas agendas políticas e sociais do país. Somente através de ações coordenadas e eficazes será possível responder adequadamente às necessidades da população idosa e construir um futuro mais equilibrado e sustentável para todos.
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